Veículos elétricos para entregas urbanas

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Um caminhão que emite muita fumaça ou atravanca o trânsito não associa boa imagem ao que entrega, enquanto que um veículo pequeno, silencioso e não poluente remete a uma postura de modernidade e respeito ao público.

Nos últimos quinze anos, a frota automotiva sobre pneus triplicou e a de automóveis aumentou 2,4 vezes. Dentre os veículos leves, o maior aumento foi o de motocicletas. A maior parte desses novos veículos movimenta-se em áreas urbanas, cujas vias certamente não aumentaram nas mesmas proporções. Os resultados, por demais conhecidos, são os frequentes congestionamentos do trânsito, poluição ambiental e trajetos demorados em todas as grandes cidades brasileiras.
Nesse quadro, a mobilidade e a poluição urbanas têm sido ainda mais prejudicadas pelo emprego de caminhões para entrega de alimentos, bebidas, compras em supermercados, em horários de grande circulação de veículos. Por outro lado, diversos entregadores, para evitarem esse inconveniente, utilizam motocicletas adaptadas, que transportam cargas muito superiores àquelas para as quais seus motores foram dimensionados, causando elevada emissão de poluentes.
A solução que tem sido comumente aventada é a que restringe essas entregas ao horário noturno. Embora aparentemente simples, mostra-se pouco viável, pelo aumento de custos inerente ao pagamento de horas extra, riscos de assalto, além de reclamação dos moradores afetados pelo barulho nos locais de entrega. As alternativas globais para o problema são mais complexas e exigem novos instrumentos e mobilização mais ampla. Entretanto, é possível reduzir significativamente, em curto prazo, os inconvenientes causados pelos caminhões e pelas motocicletas, dado que boa parte das entregas urbanas pode ser feita por pequenos veículos elétricos, cujos avanços tecnológicos levaram à sua maior competitividade e consequente difusão em vários países.
Pequenos furgões, motocicletas, triciclos e motonetas acionados eletricamente já são disponíveis no país. Também o são os quadriciclos, conhecidos como “carros de golf” muito usados para patrulhamento da orla no Rio de Janeiro, em áreas fechadas, como aeroportos e em áreas de lazer. Tais veículos podem ser condicionados para circulação em áreas urbanas, com baixa velocidade e condições de segurança adequadas, à semelhança dos chamados bugs. Em diversas cidades dos EUA sua circulação é permitida, embora restrita a determinadas áreas e condições, atendendo à denominação de “veículos elétricos de vizinhança”. Em outros países, como a França, quadriciclos estão sendo usados para pequenas entregas urbanas.
Veículos de entrega constituem cartazes móveis dos produtos transportados e do seu fabricante. Um caminhão que emite muita fumaça ou atravanca o trânsito não associa boa imagem ao que entrega, enquanto que um veículo pequeno, silencioso e não poluente remete a uma postura de modernidade e respeito ao público. Para seus usuários, os recentes avanços tecnológicos e as economias de escala de produção desses veículos elétricos tendem a torna-los cada vez mais vantajosos, além de favoráveis ao meio ambiente. Caberá todavia às autoridades governamentais contribuir para acelerar sua competitividade e consequente difusão mediante tratamento fiscal e facilidades de transito condizentes com as vantagens sociais que apresentam.
Esses e outros temas relacionados a esses veículos e à atividade de distribuição de pequenas cargas em áreas urbanas serão objeto de seminário e exposição a serem realizados em abril de 2014, junto ao prédio da ACRJ – Associação Comercial do Rio de Janeiro, numa parceria desta com a ABVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico e o INEE – Instituto Nacional de Eficiência Energética.
Autor: Pietro Erber – Diretor-Presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico – ABVE e Diretor do Instituto Nacional de Eficiência Energética – INEE.

Fonte: ABVE

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